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A sociedade brasileira foi inundada, nesta última semana, por uma enxurrada de batucada, samba, de coreografias, fantasias exuberantes, de apelos à alegria, alegria, Brasil. Foi um espetáculo contagiante e grandioso. O gingado das passistas, as evoluções artísticas, o entusiasmo dos puxadores de samba, a seriedade aplicada pelos batedores dos tambores e tocadores de cuícas, tudo isso aliado à criatividade fantástica dos carros alegóricos, expressando símbolos e figuras, inspirados por temas da atualidade. O Carnaval brasileiro rompe os muros nacionais e atrai muita gente; é a grande festa que interfere na história da cultura nacional. Só depois do Carnaval, acontece o retorno à normalidade. Quem não conhece esta expressão comum?.

Os comunicadores, focalizando ou entrevistando gente famosa e pessoas desconhecidas, retratavam as opiniões de seus interlocutores. Ofegantes e embalados, em meio ao agito da batucada e acompanhados pelos sons da bateria e pelo ritmo da música, externavam a razão para tanta alegria e tamanha descontração. Segurei algumas respostas. Como é bom a gente poder viver momentos de glória, pelo menos durante uma hora e meia; ou Quero viver o sonho da imortalidade, ser aplaudido neste mundo encantado e celebrar a fantasia. Outra pessoa, sorriso largo no rosto, dizia: Pelo menos uma vez ao ano é permitido ser feliz. E perguntava com voz rouca: A amanhã, como será?

É verdade, as imagens do maior espetáculo da terra, neste imenso mar de cores brilhantes, muita beleza, sensualidade e descontração, geram um choque gritante com aquelas imagens, com as quais nos acostumamos nas telinhas, procedentes de muitas outras partes do Brasil e do mundo, cenas desumanas da miséria, da violência, dos atentados e das guerras. Nesses contextos trágicos, não existem espaços à folia, às batucadas das grandes festas. Nos campos de batalhas e nos caminhos tortuosos, em meio a favelas e bairros populares, onde corre o esgoto a céu aberto, e as crianças perambulam à toa, não há muito lugar e nem motivação para humor e promoção de festas espetaculares.

Aliás, um mundo carente de humor e de festa reflete o lado trágico da vida. Viver sem humor e sem alegria assemelha-se à vida sem amor! A história tem mostrado que, nos tempos das ditaduras, a liberdade para repartir a alegria, viver as emoções ou externar humor, a não ser de forma clandestina, era vigiada, sempre de acordo com o humor dos ditadores. Quando pessoas são dominadas pelo egoísmo, e sempre que se impõe a necessidade de assegurar o poder próprio, em detrimento da partilha e da solidariedade fraterna, não há lugar para uma vida de risos, existência descontraída e saudável.

Umberto Eco, em seu livro O Nome da Rosa, faz os monges perguntarem se Jesus também ria à toa. Na qualidade de ser humano e na sua natureza divina, com certeza, Jesus Cristo extravasava muita alegria e ria pra valer! O que seria de nós, pessoas humanas, tão limitadas e determinadas por tantas manias e atitudes mesquinhas, se Jesus não tivesse a liberdade de rir de nossos atos e de nossas manias estranhas?

Quando Deus criou o mundo, Ele o fez brincando. Para Deus, criar o universo, organizar o caos, no grande cosmo, foi um café pequeno. O Criador ordenava e as coisas iam acontecendo, existindo. Nosso Deus criou um mundo fantástico, tão bonito, colorido e muito alegre, um mundo em festa. Por isso, convido os(as) leitores(as) deste artigo, que observem, no dia de hoje, a folia organizada pelos pássaros e insetos no enorme palco da natureza. Somos animados a aplaudir, na grande avenida da criação, as belas flores e plantas, em nossa volta, suas formas, seu brilho, suas cores, seu perfume. Parece um carnaval, que não termina na Quarta-feira de Cinzas. É festa permanente! E como será nosso amanhã?

Manfredo Siegle
pastor sinodal do Sínodo Norte-catarinense
da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
em Joinville – SC

Jornal ANotícia – 27/02/2004

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