A Rede de Mulheres e Justiça de Gênero da América Latina e Caribe coloca à disposição uma liturgia para celebrar o Dia da Reforma 2025. A liturgia foi elaborada pela pastora Karla Steilmann, da Igreja Evangélica do Rio da Prata.
Inspirada no versículo bíblico “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou” (Gálatas 5.1), a celebração propõe uma dinâmica participativa e pode ser adaptada a diferentes contextos. No final da página, é possível baixar a liturgia em formato PDF e DOCX.
Convido a compartilhar esta liturgia, seguindo o tema das pegadas, observando aquelas deixadas por mulheres e homens do tempo da Reforma e de nossos dias.
Para isso, preparem o corredor da igreja, da entrada até o altar, com pegadas de pessoas de todas as idades (crianças, jovens, pessoas adultas e pessoas idosas) que fazem parte da comunidade.
As pegadas podem ser feitas com farinha, terra, barro ou tinta lavável, visíveis e em contraste com o piso. Devem ser de material que possa ser facilmente limpo (não de papel ou tecido).
Uma forma possível é sujar os pés com um desses materiais e caminhar da entrada até o altar, deixando as marcas no chão.
O altar deve estar inicialmente vazio, pois será adornado com os símbolos trazidos na procissão de entrada. Sobre a mesa, apenas uma toalha branca.
O paramento será confeccionado (em papel ou tecido) por um grupo da comunidade, com os nomes de mulheres e homens da Reforma (sem sobrenomes): Katarina B., Argula, Marie, Katarina Z., Margarida, Martim, João, Filipe e Ulrico.
Durante o prelúdio, realiza-se a procissão: entram ministra, ministro (ou quem presidir a liturgia) e, em seguida, as pessoas que levam o paramento, a cruz, a Bíblia, flores, velas e os elementos da Ceia. Os objetos são dispostos no altar para preparar o espaço da celebração.
Para a oração de intercessão, prepara-se uma lista com nomes de pessoas que fizeram e fazem parte da comunidade. Recorta-se os nomes em papéis pequenos para colocá-los sobre as pegadas, durante a oração.
Castelo Forte (ou outro hino)
L: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações” (Salmo 46.2).
Com estas palavras do salmista, saúdo a todas e todos neste dia em que celebramos a Reforma e recordamos pessoas valentes que buscaram por uma nova forma de ser igreja, e que apesar das tribulações, não deixaram de confiar no Deus da fé.
Pessoa 1: Neste serviço, lembramos o 508º aniversário do movimento da Reforma Luterana, que colocou a palavra de Deus no centro e que, graças aos esforços de Martinho Lutero e de pessoas que o ajudaram na tradução e impressão de Bíblias, permitiu que muita gente entendesse o texto canônico.
Pessoa 2: Recordamos as mulheres que apoiaram o movimento da Reforma e que defenderam e trabalharam para que esta nova forma de viver a fé pudesse ser compreendida, aceita e expandida em diferentes regiões.
Pessoa 3: Lembramos de todas as pessoas cujos nomes não foram revelados, mulheres e homens, que de diferentes espaços e funções contribuíram para que a Reforma se concretizasse na sociedade. Pessoas que, de acordo com seus dons e possibilidades, deixaram suas pegadas na história, colaborando com a propagação dessa nova forma de viver o cristianismo.
L: Em comunidade, acrescentamos aos nomes presentes no paramento todos os nomes das pessoas que fazem parte da história de nossas igrejas — aquelas que, muitas vezes em tempos hostis, trabalharam para que nossos templos fossem erguidos, para que nossa comunidade pudesse se reunir sem medo e para que todas as gerações pudessem expressar e viver sua fé protestante e reformadora em liberdade.
L: Celebramos este culto em nome do Deus Trino — que cria e mantém a vida, que em Jesus Cristo se encarnou entre nós para ensinar à humanidade como ser mais humana , e que no Espírito Santo, vive e reina entre nós.
Comunidade (C): Amém.
L: Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com vocês.
C: E com você também.
L: Cantemos em louvor ao nosso Deus
Canto: “El cielo canta alegría” (ou outro hino)
(Antes de começarmos a oração, cantamos uma vez “Ore poriajú” (ou outro hino)
L: O movimento da Reforma Luterana, conduzido por Martim Lutero e por tantas outras pessoas comprometidas com a fé, não foi um acontecimento tranquilo nem discreto — foi uma verdadeira revolução dentro da igreja, que desafiou e inspirou novas formas de viver e anunciar o Evangelho.
Como herdeiras e herdeiros dessas mulheres e desses homens reformadores, não podemos ser uma igreja parada nem ter medo de fazer “barulho” quando a causa é justa.
Pelo contrário, seguindo suas pegadas e exemplos, somos chamadas e chamados a levantar a voz em favor da justiça, da paz e do respeito, sempre que necessário.
Por isso pedimos: Perdoa-nos, ó Deus, pelos nossos silêncios movidos pelo medo.
Canto: Ore poriaju, vereko Ñnadejara, ore proiaju vereko Jesucristo. (ou outro hino)
Pessoa 1: Os nomes femininos bordados em nosso paramento lembram que a Reforma foi um movimento inclusivo, que envolveu comunidades inteiras e diferentes grupos sociais.
Essas mulheres demonstraram um compromisso ativo, constante e corajoso — colocaram seus dons, seus recursos e suas habilidades a serviço da fé e da transformação, buscando um mundo mais justo e solidário.
Como herdeiras e herdeiros de sua coragem, não podemos aceitar a desigualdade no tratamento das mulheres, nem permanecer em silêncio diante das injustiças de gênero.
Por isso, oramos: Perdoa-nos, ó Deus, pelos nossos silêncios omissos e covardes.
Canto: Ore poriaju, vereko Ñnadejara, ore proiaju vereko Jesucristo. (ou outro hino)
Pessoa 2: As pegadas que vemos neste corredor nos recordam que, assim como aquelas pessoas no tempo da Reforma, também nós não caminhamos nem construímos comunidade sozinhos — nossa história é sempre tecida em companhia.
Pegadas de diferentes tamanhos e formas nos lembram a beleza da diversidade e nos ensinam que a fé, a vida e a história só ganham sentido no encontro com outras pessoas. Como herdeiras e herdeiros da Reforma, somos chamados a rejeitar toda forma de discriminação — seja por idade, gênero, cor, raça ou nacionalidade — em nossas comunidades. Por isso, oramos:
Perdoa-nos, ó Deus, pelos nossos silêncios que sustentam injustiças e cumplicidades.
Canto: Ore poriaju, vereko Ñnadejara, ore proiaju vereko Jesucristo. (ou outro hino)
Pessoa 3 Os nomes ausentes da história da Reforma não significam que não tenham existido.
Assim também, as pegadas sem nomes em nosso corredor nos lembram das pessoas que sustentaram nossa fé e construíram nossas comunidades, mesmo sem reconhecimento.
Como herdeiras e herdeiros delas, não permitamos que seus esforços sejam esquecidos nem suas vidas deixem de ser lembradas.
Perdoa, ó Deus, nossos silêncios que apagam memórias e injustamente escondem histórias.
Canto: “Ore poriajú” (ou outro hino)
Compartilho com vocês o anúncio do perdão de Deus com as palavras do salmista no Salmo 32 (segundo a tradição, o salmo preferido de Martim Lutero), que diz assim: “Bem-aventurada a pessoa cuja transgressão foi perdoada e cujo pecado foi coberto (…) tu perdoaste a maldade do meu pecado (…) Tu és o meu refúgio; Tu me guardarás da angústia e me cercarás com cânticos de libertação. Felizes são as pessoas cujos pecados foram perdoados.”
Glória a Deus nas alturas
Canto: “Gloria a Dios” (ou outro hino)
L: Deus da vida, que em Jesus Cristo te fizeste carne para nos ensinar a viver com mais humanidade — entre nós e com toda a criação —, continua a nos instruir, dia após dia, a cultivar o respeito, a amar sem possessividade e a buscar a justiça e a paz. Que teu Espírito nos conduza sempre, lembrando-nos de que tua presença nos acompanha em todos os caminhos.
Em nome de Jesus oramos. Amém.
C: Amém
L: Enquanto nos preparamos para ouvir as leituras bíblicas deste dia, cantemos:
Canto: “Callemos hermano” (ou outro hino)
L: Ouçamos a leitura do livro do profeta Jeremias.
Pessoa 1: Jeremias 31.31-34
Canto: “Lâmpada para os meus pés é Tua palavra” (ou outro hino)
L: Ouçamos a leitura da carta de Paulo aos Gálatas
Pessoa 2: Gálatas 5.1-6
Canto: “Lâmpada para os meus pés é Tua palavra” (ou outro hino)
Canto: “Aleluya” (ou outro hino)
D: O texto do Evangelho indicado para este dia faz parte das chamadas “bem-aventuranças de Jesus”. Vamos ouvir o texto.
Pessoa 3: Mateus 5.1-10
D: Depois de ouvir os textos, confessemos a fé no Trino Deus
D: Depois de ter escutado a reflexão deste domingo, celebremos a nossa fé cantando.
Canto: “Embajadores” (ou outro hino)
D: Que alegria é podermos, como irmãs e irmãos na fé, reunir-nos para celebrar o Santo Sacramento da Comunhão! Que bênção estarmos juntas e juntos ao redor da mesa do Senhor, recordando o que Ele mesmo instituiu! É profundamente gratificante saber que, ao partilharmos o pão e o vinho, algo extraordinário acontece: a comunhão se realiza entre nós e, ao mesmo tempo, com o próprio Cristo.
Assim, enquanto nos preparamos para este momento sagrado, cantemos…
Canto: “Te damos gracias” (ou outro hino)
L: Irmãs e irmãos, elevemos nossos corações!
C: A Deus os elevamos!
D: Demos graças ao nosso Deus
C: Isso é digno e justo
D: É verdadeiramente digno e justo, e de nosso dever, que em todos os tempos e lugares rendamos graças ao nosso Deus.
Portanto, preparemo-nos para o momento da Comunhão, orando:
L: Deus da vida, nós te damos graças porque, ao te encarnares em Jesus, nos deixaste um legado de amor, misericórdia e graça, plenamente revelado no sacrifício feito por toda a humanidade na cruz. Agradecemos-te por nos ensinares que, ao partilhar com quem mais precisa — as pessoas frágeis, as esquecidas e excluídas —, também partilhamos contigo e entramos em comunhão com tua presença.
Ó Deus, manifesta-te entre nós e faz deste um momento de verdadeira comunhão. Que, ao partilharmos o pão, o vinho e a fé, sejamos fortalecidas e fortalecidos pelo teu poder e pela tua misericórdia. Em ti depositamos nossa fé, nossa esperança e nossa confiança. Por isso, com gratidão e reverência, cantamos: “Santo és tu, Senhor!”
Canto: “Santo” (ou outro hino)
L: Deus da vida, que este pão e este vinho que compartilhamos nos recordem o mistério da tua encarnação — tu que te fizeste carne e vieste habitar entre nós, tornando-te presença real em nossas realidades. Deus santo, abre nossas mentes e corações para que possamos te louvar e reconhecer tua face na vida de nossos irmãos e irmãs. Amém.
C: Amém
L: Como sinal da nossa unidade na fé, partilhemos o gesto paz.
L: Recordamos o que o apóstolo Paulo aprendeu e nos transmitiu através da 1 carta aos Coríntios dizendo:
1 Coríntios 11.23b-26
Que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; E, tendo dado graças, partiu-o e disse: Tomai, comei; este é o meu corpo que é dado por vós; fazei isto em memória de mim.” Ele também tomou o cálice depois de ter ceado, e disse: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto todas as vezes que o beberdes, em memória de mim.” Assim, todas as vezes que comerem este pão e beberem este cálice, anunciarão a morte do Senhor até que ele venha.
Canto: “Cordero de Dios” (ou outro hino)
Jesus Cristo diz: “Vinde a mim, todos [e todas] vocês que estão cansados e sobrecarregadas, e eu lhes darei descanso”. Acolhamos o convite de Jesus. Nos acheguemos à mesa da comunhão. Amém.
(Partilha da Comunhão)
Canto: “Así como tú, Señor” (ou outro hino)
Canto: “Pan al hambriento” (ou outro hino)
Orientação: Durante a oração de intercessão sugerimos a seguinte dinâmica: Entre cada oração e enquanto cantamos a canção “ouve, Senhor” (ou outro hino), pequenos papéis com os nomes das pessoas da comunidade e pessoas que fizeram parte da história dessa comunidade são colocados dentro das pegadas que estão no chão. Os papéis serão preparados com antecedência e as pessoas que lerem as frases depositarão os nomes sobre as pegadas. Cada pessoa deve depositar vários nomes para que as impressões digitais sejam carregadas com identidade no final da frase.
L: Oremos: Deus que cria e sustenta a vida, nos aproximamos de ti com o coração cheio de gratidão — pela tua Palavra anunciada, pela Ceia que celebramos e pela alegria de te louvar em comunidade. Com a fé de que nos escutas e nos acolhes em todos os momentos da vida, trazemos a ti nossa intercessão:
L: Em um mundo ferido por guerras e diferentes formas de confronto, pedimos que nos fortaleças para continuar acreditando no poder do diálogo e na busca pela paz. Que sejamos construtoras e construtores de pontes, promovendo a reconciliação e evitando toda dor e sofrimento causados à vida de pessoas inocentes.
Canto: “Oye, Señor” (ou outro hino)
Pessoa 1: Em tempos em que o efêmero e o passageiro são exaltados como ideais, recordamos com gratidão nossa história como comunidades protestantes, inspiradas por mulheres e homens que colocaram seus dons a serviço de uma igreja comprometida com o povo. Ajuda-nos, ó Deus, a permanecer firmes em nossos valores de fé e a proclamar, com coragem e esperança, que tu és um Deus presente — um Deus que caminha conosco e não abandona seu povo, mesmo quando o caminho se mostra escuro e incerto.
Canto: “Oye, Señor” (ou outro hino)
Pessoa 2: Em meio a contextos marcados pela desigualdade e pela violência diárias, onde meninas e mulheres, em tantas partes do mundo, temem por suas vidas e não se sentem seguras nem nas ruas nem em seus próprios lares, pedimos, ó Deus, que nos conduzas pelo caminho que leva à paz e à justiça para todas as pessoas e para toda a criação. Dá-nos forças para não desanimar diante das tribulações do cotidiano e coragem para perseverar. Capacita-nos a caminhar ao lado das pessoas que vivem com medo e das que continuam lutando por justiça.
Canto: “Oye, Señor” (ou outro hino)
Pessoa 3: Em um tempo cada vez mais dominado pelo individualismo e pelo egoísmo, pedimos-te, ó Deus, que nos concedas sabedoria para continuar vivendo e servindo em comunidade, em comunhão com nossas irmãs e irmãos. Dá-nos força e coragem para seguir lutando pelo bem comum. Que possamos reconhecer, nas pegadas deixadas ao longo do caminho, as histórias de quem formou nossa fé e nossa caminhada, e que também deixemos marcas de amor e cuidado — pegadas que ajudem a construir uma igreja acolhedora, onde cada pessoa se sinta verdadeiramente bem-vinda.
Canto: “Oye, Señor” (ou outro hino)
L: Em um mundo tão carente de empatia, fraternidade e sentido de irmandade, pedimos-te, ó Deus, que nos ensines a reconhecer cada pessoa como alguém digna de respeito, cuidado e amor. Com os olhos voltados para Ti, oramos por todas as pessoas que sofrem com doenças e por aquelas que vivem o luto. Concede-nos o dom de não sermos indiferentes à dor e ao sofrimento alheio.
Em tuas mãos colocamos nossas preces por esta comunidade e por todas as pessoas cujos nomes estão aqui representados — aquelas que deixaram suas pegadas e deram identidade ao caminho que conduz até o altar. Ampara cada uma delas na palma da tua mão e abençoa as famílias e pessoas queridas daquelas que já partiram.
E tudo o mais que guardamos em nossos pensamentos e corações, entregamos a Ti na oração que Jesus nos ensinou.
Pai Nosso
D: Que Deus nos abençoe e nos guarde, que ele abençoe nossos caminhos e nossa caminhada e nos dê sabedoria para agir, que ele abençoe nossas decisões e que nossas ações reflitam nossa fé nele. Que nosso Deus nos guarde, cuide de nós e nos proteja em todos os momentos e nos conceda sua paz agora e sempre. Amem.
Revestidas e revestidos de fé renovada e com o coração transbordante de gratidão, vamos ao mundo para anunciar a Boa Nova do Evangelho.
Vamos na paz do nosso Deus. Amem.
Canto: “Que la tierra vaya abriendo un camino (Bendición irlandesa)” (ou outro hino)
“Castillo Fuerte” (ou outro hino)
Acesse a versão em espanhol no site da federação Luterana Mundial – FLM