Durante 2012, convivi com muitas e diferentes pessoas, em diferentes situações de vida e de morte, em muitos espaços. Eu vivi histórias tristes e histórias bem bonitas. Perdemos e ganhamos. É o jogo da vida: perdidos e achados.
Nos achados e perdidos da vida, quero compartilhar um bem. Durante uma visita em unidade para cuidados com a saúde de doentes mentais (num hospital), uma situação me sensibilizou muito. Tive intenso contato com as pessoas internas. Umas interagiam, outras não. Havia gente que cantava, que falava, brincava, desenhava, permanecia em silêncio, murmurava, pediam orações e bênção. Entre muitas, uma pessoa insistia em me mostrar um desenho.
Mostrou uns rabiscos. Mas disse que ele iria concluir, e que eu poderia levar o seu trabalho para a minha igreja. Depois de algum tempo, mostrou-me uma folha colorida, com uma pessoa bem alto. Ela tinha na cabeça um boné, de onde saia a frase escrita por ele: Que Deus proteja os miseráveis que ele elege os pobres anjos”. Em sua mão esquerda segura uma fruta. Ele disse: “está comendo uma maçã”. Caminha a passos largos, olhando para o horizonte, mas meio inclinado para o chão, encurvado. Na mão direita segura um saco, pequeno, que parece um ninho de filhote (um tipo de passarinho). O desenhista diz: “É, aqui ele tem presentes para as crianças, eu acho, porque ele gosta das crianças”.
É uma gravura muito diferente das que a gente vê por aí, nas lojas, nas ruas e na televisão. É uma pessoa alta, magra, calça branca com remendos e limpa, camiseta colorida, calçado marrom. Caminha a passos largos, olhar penetrante, pensativo. Tem pressa. Come maçã, gosta de crianças e quer encontrá-las. Não induz ao consumismo. Convida para a amizade e solidareidade. É afetivo e pensativo. Não tem ligação com os desenhos divulgados de Jesus. Mas seu jeito é o de Jesus: transpira afetividade e racionalidade, confiança, carinho e cuidado com os pobres anjos.
No fim, ao me despedir, o desenhista me entregou a sua obra e disse: “leva para a sua igreja e diz que ele gosta deles.
Ano velho foi. Assim, o tempo voa. Que vozes ouvimos? Que pessoas atendemos? Quem amamos? De quem cuidamos? Quem carregamos? Quem nos carregou?
Ano Novo. Assim, o tempo vem e passa. No vigor do ano que vai e do ano que vem, Deus coloca em nossas mãos e corações a graça e a paz. Recebemos a sua amizade e seu carinho.
Assumimos o compromisso mútuo pela fé e vida, pela paz, pelo bem, pela justiça. O gosto da vida e salvação seja o nosso sonho e a nossa realidade.
Pastor Teobaldo Witter, Cuiabá