Carta Pastoral sobre jogos e apostas
Em Cristo, temos liberdade e plenitude de vida
“E não vivam conforme os padrões deste mundo, mas deixem que Deus os transforme pela renovação da mente, para que possam experimentar qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”
(Romanos 12.2).
Estimada IECLB!
Como pessoas movidas pelo cuidado que nos une em Cristo, dirigimo-nos a vocês para refletir sobre jogos e apostas, uma situação preocupante que está infiltrada em nosso cotidiano, trazendo sofrimento e angústia para pessoas e famílias.
Temos acompanhado, com preocupação, relatos de pessoas que estão sendo atingidas pelas danosas consequências de tais práticas. O que se apresenta como uma diversão inofensiva ou oportunidade de ganho fácil, revela-se, com frequência, fonte de endividamento, de angústia e até de ruptura de relacionamentos.
As propagandas em massa e, às vezes, bem ilusórias nos meios de comunicação e nas redes sociais criam a narrativa de que o sucesso e a solução dos problemas financeiros estão a um clique de distância. Jogos e apostas prometem felicidade, mas podem gerar ansiedade, empobrecimento e isolamento; prometem vida abundante, mas podem conduzir a um caminho de dependência e desespero.
O Evangelho de Jesus Cristo nos chama para uma vida de confiança em Deus e de responsabilidade para com os dons que recebemos. Lucas 2.15 alerta: “Tenham cuidado e não se deixem dominar por qualquer tipo de avareza, porque a vida de uma pessoa não consiste na abundância dos bens que ela tem.”
Diante desta realidade, a Comunidade e cada pessoa batizada são chamadas à vigilância, ao acolhimento e à ação. As Comunidades devem ser espaços de cuidado, discipulado e também de educação financeira, alertando as pessoas sobre o perigo dos jogos e apostas.
Em Cristo somos livres de toda escravidão e dependência (Gálatas 5.1). Por isso conclamamos nossas Comunidades, luteranos e luteranas, a buscar segurança e alegria não na instabilidade da sorte, mas na fidelidade e na graça de Deus. Que possamos estar alertas, vigilantes e dispostos a acolher, auxiliar, amparar e estar ao lado de quem enfrenta dificuldade com jogos e apostas, assim como as danosas consequências que tais práticas impõem.
Convidamos para reflexões sobre o tema, considerando que nossa tarefa como comunidade cristã requer:
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- Acolhimento sem julgamentos: Pessoas e famílias envergonhadas e endividadas precisam encontrar, em nossas Comunidades, espaço seguro de acolhida e escuta, livre de julgamentos.
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- Orientação: É nosso compromisso, especialmente dos que ensinam e pregam, alertar sobre os perigos dessas práticas, oferecendo orientação pastoral. Precisamos fortalecer a resistência frente a promessas vazias de dinheiro fácil e soluções simples.
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- Cuidado e apoio: Incentivamos as Comunidades para que estejam atentas para aconselhar irmãos e irmãs que estejam envoltos neste silencioso sofrimento. O encaminhamento para ajuda profissional (psicólogos, assistentes sociais, especialistas em dependências, conversas pastorais) é um ato de amor cristão. A oração, o acompanhamento pastoral e o apoio fraterno são fundamentais para a recuperação e superação diante desta dificuldade.
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- Promover a educação financeira: Encorajamos Comunidades a promover debates e estudos sobre o uso responsável dos recursos, combatendo a cultura do imediatismo e consumismo que muitas vezes é a porta de entrada para os jogos e apostas. Da mesma forma, salientamos que a promoção de encontros de formação e planejamento sobre organização financeira são relevantes e têm a possibilidade de oferecer auxílio prático diante do tema.
Irmãos e irmãs, sejamos pessoas guardiãs umas das outras. Em um mundo que explora nossas fraquezas e vende ilusões, somos chamados e chamadas a ser testemunhas da verdade libertadora do Evangelho, compartilhando a generosidade de Deus. Que nossas Comunidades sejam faróis de esperança, ancoradas na promessa fiel de Deus, que nos concede vida plena e digna, não pelo acaso, mas pela sua graça, que nos basta (2 Coríntios 12.9).
Porto Alegre, 1º de outubro de 2025
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