Creio em Deus, Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra.
(Primeiro artigo do Credo Apostólico)
Creio em Deus, Pai…
A figura do “pai” é uma metáfora, uma representação simbólica para falar de Deus como fonte da existência, do cuidado, do amor (Salmo 103.13). Essa metáfora também engloba o que se espera ou recebe de uma mãe: “Como a mãe consola o filho, eu também consolarei vocês” (Isaías 66.13). Neste sentido, é possível dizer que Deus é como uma mãe ou um pai. Nos dois casos, porém, não se pode atribuir a Deus uma forma humana ou um gênero. Deus está acima das definições e limitações humanas.
A confissão de Deus como Pai afirma um vínculo de proximidade e traz consequências. Porque declaramos Deus como um Pai, cabe-nos reconhecer que pertencemos a uma família de fé, na qual todas as pessoas devem ter o mesmo tratamento: “Não é verdade que todos temos o mesmo Pai? Não fomos todos criados pelo mesmo Deus?” (Malaquias 2.10).
… todo-poderoso,
Deus é todo-poderoso! O poder geralmente é associado com força e muitas vezes é usado para oprimir e matar. O poder divino tem outra característica. Ele não é arbitrário e despótico, mas serve para proteger e manter a vida. Sob a ótica divina, o poder está relacionado com amor e serviço. A maior demonstração de poder é a disposição para servir (Marcos 10.45). O poder de Deus só pode ser entendido a partir do amor. Isto explica por que esse poder também se manifesta na fraqueza e no sofrimento da cruz.
Criador do céu e da terra
“No começo Deus criou os céus e a terra” (Gênesis 1.1). A primeira frase da Bíblia é a base para a formulação da declaração de fé no Deus criador. As diversas teorias científicas que procuram explicar o surgimento do universo e a evolução das formas de vida não precisam ser vistas necessariamente em oposição à fé. A fé contempla em Deus a origem e o fim de tudo, independentemente do processo de formação do universo e da vida.
O ser humano é apenas uma pequena parte da criação divina. A confissão de fé compromete a cuidar de toda a criação assim como Deus cuidaria dela. Infelizmente, esta exigência tem sido bastante ignorada. Mais do que nunca, a criação divina geme e sente dores (Romanos 8.22). Poluição, desmatamento, desperdício, consumo exagerado são alguns exemplos de agressão à criação de Deus. Assumir o compromisso com a preservação ambiental não é somente uma questão de sobrevivência humana no planeta, mas uma expressão da vivência da fé.