Johannes Daniel Falk nasceu no norte da Alemanha, na cidade de Danzig. Foi na época em que os homens usavam perucas. Seu pai fazia perucas e cuidava das perucas dos governantes da cidade.
Johannes, com dez anos, teve que parar com o colégio, para ajudar o pai no seu trabalho. Ele era muito inteligente e tinha vontade de estudar. Os fregueses notavam esse interesse do menino e falaram para o pai. Mas ele não queria perder o seu ajudante. Até que um dia, o Pastor da cidade veio e falou para o pai: “Senhor Falk, nós precisamos de homens para trabalhar no Reino de Deus e que tenham capacidade para falar do juízo de Deus e da sua graça. O seu filho tem tudo para ser um homem assim. Senhor Falk, a Prefeitura concedeu uma bolsa no ginásio para o seu filho e depois, vai ajudar para que ele possa estudar na universidade.” O pai, então, deixou o filho estudar.
No colégio, Johannes era ótimo aluno e os vereadores realmente cumpriram com sua palavra: assumiram o que prometeram. Quando tinha terminado o colégio, mandaram Johannes para a Universidade de Leipzig. Na despedida, deram um conselho para Johannes: “Se um dia aparecer uma criança pobre na tua porta, para pedir pão, não te esqueças que tu eras pobre também”.
Em Halle, Johannes participava das atividades dos estudantes e afastou-se da vida da Igreja. Como gostava de fazer poesias, ele, depois de concluir o seu curso, foi para a pequena cidade de Weimar, onde viviam os grandes escritores da época: Goethe e Schiller. Lá ele trabalhava como conselheiro.
Levou algum tempo, até que Johannes sentiu que a sua vida precisava de um rumo mais importante. Ele se lembrou da sua mãe, que era uma pessoa equilibrada, mostrando segurança e paz. Sabia o que ela tinha, e o que lhe faltava: a fé em Jesus Cristo. Arrependido, ele voltou para a Igreja.
Em 1806, Napoleão e suas tropas entraram na Alemanha e, na cidade vizinha, em Jena, aconteceu a batalha decisiva, em que Napoleão saiu vitorioso. Em Weimar houve muita destruição e muitas famílias perderam seu lar. Vendo esta situação triste, Johannes agiu com iniciativa, sabedoria, dedicação e sacrifício, até que a vida na cidade ficou normalizada. O duque de Weimar honrou Falk por esta iniciativa.
Alguns anos mais tarde, em 1813, quando Napoleão foi expulso da Rússia, toda a região de Weimar entrou numa crise violenta. Soldados da Prússia, da Rússia, da Áustria, da Inglaterra e da Suécia fizeram daquela zona o centro da guerra contra Napoleão. Johannes Falk ficou conhecido como pacificador e, às vezes, arriscava a sua vida, quando surgiam conflitos entre os habitantes e os soldados.
Depois da batalha decisiva, – a Batalha dos Povos Unidos em Leipzig –, em outubro de 1813, surgiu um surto da doença mais temida, a peste. Na casa dos Falk, morreram quatro dos seis filhos. O pai não conseguia esconder a tristeza, e a mãe entrou em depressão.
Nesta época, alguém bateu na porta. A mãe não quis atender. Então o pai abriu e se confrontou com um menino sujo, com roupas que eram uns trapos. Era um dos muitos órfãos que, ou por motivo da guerra, ou da peste, perderam seus pais e viviam nas ruas. O menino perguntou se, na casa, não tinha lugar para ele. Naquele momento, Johannes Falk lembrou-se daquilo que lhe foi dito na sua despedida em Danzig. Além disso, logo veio à mente a frase de Jesus: “Quem recebe uma criança em meu nome, recebe a mim”. Mesmo sendo difícil para a sua esposa, Johannes Falk abriu a porta e o menino ficou com eles, recebendo comida, roupa e cama.
A notícia de que o colega foi recebido pelos Falk, se espalhou bem ligeiro entre os meninos de rua. Outros meninos bateram na porta da casa, e aconteceu que os Falk aceitaram todos.
Pouco tempo depois, os outros dois filhos dos Falk adoeceram e morreram. Johannes Falk falou a Deus: “Tu me tiras os meus filhos, e eu fico só com os outros. Por que?” Por causa de sua dor e do muito trabalho, o casal ajoelhava-se várias vezes por dia, pedindo forças de Deus.
Eles conseguiram fundar a “Associação dos amigos dos que estão sofrendo”. Num prédio grande, no “Lutherhof”, as crianças receberam o amor que o casal não podia dar aos seus próprios filhos.
No Natal de 1819, Johannes Daniel Falk cantou com os abrigados o hino de sua autoria : “Jubiloso, venturoso, tempo santo de Natal. Mundo perdido – Cristo é nascido! Rejubila, cristandade, no Senhor!“