Recentemente, estive com a colega Pastora Tânia Cristina Weimer e com a presidenta nacional da OASE, Siegrid Hoeft, tirando fotos com Katharina von Bora, no Monumento às Mulheres do Movimento da Reforma, na Faculdades EST, em São Leopoldo/RS.
Nas noites, o reflexo da luz faz com que, tanto Katharina quanto quem se posiciona ao lado dela, tenha sua imagem projetada com tamanho gigante nas paredes do prédio, que envolve o monumento.

Quem vê pela primeira vez a imagem gigante de Katharina projetada na parede pode até se assustar. Mas depois entende o significado daquela projeção. Katharina parece pequena. Porém, ela se agiganta cada vez que contamos sua história.
Katharina se agiganta quando contamos a história dela e das outras mulheres que participaram no movimento da Reforma. Katharina se agiganta quando nós, mulheres, contamos a nossa história e a história que construímos todos os dias no local onde vivemos, trabalhamos, estudamos, participamos dos movimentos sociais, políticos, culturais.
Assim como no monumento ela se agiganta, assim sua história nos anima e nos torna mais fortes no testemunho de fé.
O que sabemos de Katharina?
Primeiro, ouvíamos falar que Katharina é a esposa de Lutero.
Depois, lemos no livro da pastora Heloísa Gralow Dalferth sua história como mulher participante do movimento da Reforma. E então começamos contar adiante a sua história.
Com a Pastora Marcia Blasi o Fórum de Reflexão das Mulheres Luteranas, aprendemos a metodologia de contar a história das mulheres do movimento da Reforma e a nossa história na Porta da Katharina.
Nesse meio tempo, conhecemos outras histórias no livro Mulheres no movimento da Reforma, das pastoras Claudete Beise Ulrich e Heloísa Dalferth. Ao mesmo tempo, pesquisamos histórias de mulheres em um site alemão de mulheres evangélicas (Evangelische Frauen in Deutschland e.V.).
Mulheres contam suas histórias
Com a metodologia Café com Katharina, contamos em muitos lugares, as histórias das mulheres no movimento da Reforma. E as mulheres, nas diferentes regiões do Brasil, contaram a história delas e estão contando e escrevendo suas próprias histórias.
No Portal Luterano, a coordenação de gênero, gerações e etnias da IECLB publicou mais de 200 histórias de mulheres luteranas. Essas histórias são analisadas na dissertação de mestrado da pastora Kétlin Laís Schuchardt e podem ser acessadas aqui.
Em 2017, Katharina se fez presente no Campus da Faculdades EST, pelo trabalho do Programa de Gênero e Religião e pelo movimento das mulheres luteranas aqui do Brasil, especialmente da OASE e com apoio das mulheres da Obra Gustavo Adolfo, da Alemanha.
Em 2018, publicamos, em conjunto com a OASE Nacional e com a OASE dos 18 Sínodos da IECLB, o livro Bordando Memórias: histórias de mulheres do Movimento da Reforma.
E assim, com pesquisas, pregações, estudos e publicações, Katharina vai se agigantando.

Katharina somos todas nós
Hoje, testemunhamos que Katharina somos todas nós no movimento da Reforma.
Assim como somos, com maior ou menor ousadia, Árgula von Grumbach, Katharina Schutz Zell, Olimpia Fulvia Morata, Marie Dentière, Anna Maria van Schürmann, Elizabeth Herzogin von Rochlitz, Aemilie Juliane von Schwarzburg e tantas outras. Várias luteranas, entre elas, lideranças da Frente Mulheres de Fé por Direitos e Justiça.
Em 2022, a IECLB publicou sua Política de Justiça de Gênero. A justiça de gênero ainda é um caminho longo a ser percorrido na igreja e na sociedade.
Mas cada vez mais contamos a nossa história. E assim em conjunto nós nos agigantamos, não em grandeza, mas na fidelidade ao Evangelho.
Desafios e motivações
Neste ano, celebramos 508 anos do Movimento da Reforma Luterana. Temos muitos desafios pela frente. Entre eles, o de contar a história da primeira mulher, presidente da IECLB, pastora Silvia Beatrice Genz. História que ela faz, que nós, como Igreja, fazemos. Histórias de pastoras sinodais, de presidentes do Conselho e do Concílio da IECLB.
Katharina se agiganta com pastoras, catequistas, diáconas, diaconisas, missionárias e com cada mulher que sai de algum lugar, sozinha ou em grupo, para buscar o que acredita.
Também temos desafio, como sociedade e igreja, de motivar e dar as condições para que cada vez mais, mulheres estudem e trabalhem no que desejam; que, se desejarem, estudem e façam Teologia. Que se reconheçam pelo seu fazer teológico nas comunidades, com profecia e diaconia transformadora.
Vozes se erguem contra as violências
As violências ferem, silenciam e matam. Mas “vozes se erguerão”. E a IECLB é protagonista do curso Missão com Mulheres em situação de violência, organizado junto com o Programa de Gênero e Religião da Faculdades EST.
Esse curso, liderado pela pastora Carmen Michel, tornou-se um instrumento de prevenção e superação das violências junto as igrejas luteranas da América Latina. Para isso, contou com o protagonismo do programa de empoderamento de mulheres e justiça de gênero da Federação Luterana Mundial, sob a liderança da Pastora Dra. Marcia Blasi e da Rede de Mulheres e Justiça de Gênero da Federação Luterana Mundial.
E assim Katharina vai se agigantando.
Neste ano que celebramos 35 anos da Cátedra de Teologia Feminista na Faculdades EST, o auditório do prédio que envolve o Monumento às Mulheres no Movimento da Reforma recebeu o nome de Katharina von Bora.

A estrela da manhã que nos inspira
Na simplicidade e ousadia daquela que era chamada por Lutero de “a estrela da manhã de Wittenberg” e de tantas outras mulheres do universo luterano, ecumênico e interreligioso que nos inspiram, seguimos na espiral da sabedoria.
Que a Sabedoria Divina mova a nossa vida para que juntas, juntos, juntes ousamos contar a nossa história de todo o coração. Para que o amor de Jesus se espalhe, não deixemos de ser generosas conosco mesmas e com o mundo.
E se tiver oportunidade, ouça, no dia 31 de outubro de 2025, às 11h45, no Programa Conversando com Você pela Rádio União FM 105.3, a mensagem Katharina, a mulher que se agiganta, escrita pela pastora Mestra Tânia Cristina Weimer.
Pastora Dra. Marli Brun
Coordenadora do Programa de Gênero e Religião da Faculdades EST
Orientadora Teológica da OASE do Sínodo Nordeste Gaúcho
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