Gente que se sabe agraciada se torna ‘graciosa’
Vivemos num mundo em que tudo deve ser pago. Essa regra vale do nascimento até a morte. Nada é de graça.
Pessoas fortes, inteligentes, ricas, sãs e jovens vencem as pessoas fracas, menos inteligentes, pobres, doentes e idosas.
Tais pessoas menos favorecidas, com freqüência, são esquecidas e excluídas pela sociedade em que tudo deve ser conquistado e merecido.
Contudo, também aquelas pessoas, aparentemente bem favorecidas, vivem a dolorosa experiência que as coisas essenciais da vida, como fé, esperança, paz e amor, não conseguem produzir, nem merecer e muito menos comprar. Em situações de perda, como a morte de um ente querido, ou diante do limiar da própria morte, flagram-se da própria impotência e da falta de sentido para viver. Mesmo que tenham dedicado muita força e muitos bens a instituições de assistência social, tampouco alcançarão o céu. Mesmo que tenham levado uma vida religiosa como o fariseu Saulo ou o monge Martim Lutero, à luz da palavra de Deus, reconhecerão que ficam devendo sempre.
Isso seria desesperador se Deus não tivesse vindo ao nosso encontro. Por meio de Jesus Cristo, ele nos reconciliou consigo, conosco e uns com os outros. Ele nos certificou disso já no Santo Batismo sem que o tivéssemos merecido. De graça, nos incorporou na grande família de Deus e nos ofereceu tudo o que é necessário para viver feliz, morrer com esperança e ressuscitar para a vida eterna. Essa grata experiência revolucionou a vida do Apóstolo Paulo e do Reformador Martim Lutero.
Ela dá novo rumo também às nossas vidas, porque, por meio da palavra de Deus e dos Sacramentos do Santo Batismo e da Ceia do Senhor, estamos sendo libertados – do ter para o ser, do eu para o tu. Vivendo da graça e da misericórdia de Deus, em sua Comunidade, estamos sendo cativados e constrangidos para agir de maneira graciosa e misericordiosa, pois, pela graça de Deus, vocês são salvos por meio da fé. Isso não vem de vocês, mas é um presente dado por Deus. Em nossa união com Cristo Jesus, ele nos criou para que fizéssemos as boas obras que ele já havia preparado para nós.
Para refletir, leia Efésios 8 e 10
P. Günter Wehrmann
(Fonte: Jornal Evangélico Luterano, Número 692, Jan.-Fev. 2007, p. 10)