Como ultimamente esta expressão tem sido usada “Deus é Pai”, talvez você mesmo a tenha usado, mas isso em si não é problema desde que se tem consciência de quem nós somos. É aí que mora o perigo, quando nos esquecemos da nossa posição. Deus só é Pai de quem se encontra como seu filho, sua filha. Então para ajudar-nos a entender isso melhor, compartilho o texto abaixo com vocês. Boa leitura!
“Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra.”
1º Artigo do Credo Apostólico
Você já notou cara leitora e caro leitor, que no Credo Deus é chamado de Pai antes de ser definido como Todo- Poderoso e como Criador do céu e da terra? Achamos que esta sequência é importante: Deus, antes de revelar à pessoa humana o seu poder e a sua majestade, no próprio ato da criação revelou-se como Seu Pai. Ser Pai de suas criaturas humanas: essa permanece a intenção definitiva de Deus. Por toda a eternidade ele nada mais deseja do que ser amado pelas suas criaturas como Pai – ele, cujo amor aos seres humanos é imutável e eterno.
No Antigo Testamento Deus é chamado de “Jeová” (a grafia correta é “Javé” – nossa Bíblia traduz o termo por “Senhor”). Javé significa: “Eu sou o que sou”. É um nome majestoso, que o distingue dos ídolos, dos deuses falsos, que não são o que afirmam ser, e ao mesmo tempo é um nome enigmático e misterioso. O nome parece implicar que ainda falta revelar o último segredo daquele “Eu sou o que sou”. Quando Deus se manifestou a Moisés sob este nome enigmático, falando- lhe da sarça ardente, os homens, tanto os egípcios como os israelitas, ainda não estavam preparados para usar o mais belo nome de Deus, que somente seria revelado através do evangelho de Jesus. “Eu sou o que sou – a saber, o vosso Pai em Jesus Cristo”. É assim que Deus se revela a nós hoje da sarça ardente, que é a cruz de seu Filho. Por Jesus ser o filho verdadeiro e fiel, todos os que aceitarem o evangelho da salvação passam a ter o direito filial de chamarem a Deus de “Aba” – Pai, querido Pai.
Há os que querem voltar a chamar a Deus de Jeová, assim como fizeram os antigos israelitas. Mas, Jesus não nos ensinou a orar: “Jeová nosso, que estás no céu.” Por que voltar ao nome enigmático, se nos foi revelado o nome querido, o nome sem mistério? Na palavra “Pai”, a bem dizer, está contido todo o evangelho de Jesus: o Pai de Jesus é nosso Pai. Em Cristo somos aceitos como familiares de Deus. Nada há que nos possa separar do seu amor.
E agora chegou a vez de falarmos de nosso Pai celeste como sendo o Deus Todo-Poderoso, que criou o céu e a terra. Aí precisamos ressaltar três coisas:
1º – nós somos fi lhos de um Pai rico. Somos filhos do Rei, príncipes herdeiros. O cristão, mesmo o mais humilde, não é nenhum João ninguém, não é nenhuma criatura jogada neste mundo, que não tivesse presente nem futuro. “Preciosa é, aos olhos do Senhor, a morte dos seus santos. (Salmo 116.15). Preciosa é, aos seus olhos, também a vida deles. Ele cuida deles agora, ouve suas orações, fá-los participar da riqueza de sua criação, dálhes vida plena, dá-Ihes a esperança de um futuro glorioso. Destinou-os a viverem eternamente com ele em seu reino.
2º – já que Deus criou o céu e a terra, este mundo todo pertence a Deus, não ao diabo, quando o diabo diz (Lucas 4.6) que quer dar a Jesus os reinos do mundo, porque a autoridade sobre eles foi dada a ele, ele se manifesta como o mentiroso que é desde o princípio. Céu e terra pertencem a Deus, porque ele é o criador de todas as coisas. Por isso, crer em Deus o Criador, o Todo-Poderoso, significa também contestar o diabo, significa reivindicar este mundo para o seu legítimo Senhor, e isso “vai dar barulho”, como diz Lutero.
3º – sendo Deus Todo-Poderoso, eu não poderei reservar nenhum poder particular para mim. Crendo nele, dar-Ihe-ei toda a honra que lhe compete. Isso significa que vou servir lhe com as forças que ele me dá, vou amá-Io em resposta ao amor com o qual ele me ama, vou agradecer-lhe e vou adorá-Io de todo o meu coração e de toda a minha alma – e isso já agora, neste mundo, que é dele.
(Extraído de “O Que Creio”, de Lindolfo Weingärtner; 3ª edição, 1993, coedição Editora Sinodal e União Cristã, pp. 43-45).
Par. Unida em Cristo
P. Jairo Gustavo F. Cruz