“A família de Júlio Redecker perde um filho-esposo-pai amoroso e dedicado, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil perde um de seus membros que encarava a atuação na vida pública brasileira como vocação, o Rio Grande do Sul e o país perdem um político que pautou sua atuação por um elevado padrão moral e ético”, disse o pastor presidente da IECLB, Dr. Walter Altmann, sexta-feira, dia 20, durante a celebração do culto ecumênico em homenagem ao deputado federal Júlio Redecker, 51 anos (PSDB), morto tragicamente no acidente com o vôo 3054, da TAM. O ato religioso, realizado durante o velório do deputado federal, no Palácio Piratini, em Porto Alegre (RS), foi conduzido pelo pastor presidente da IECLB e teve participação do arcebispo católico de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings. O deputado Redecker era ligado à IECLB, membro da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana da Ascensão, em Novo Hamburgo (RS). Deixou a mulher Salete e os filhos Lucas, 26, Mariana, 23, e Victória, 16.“A dolorosa despedida nos permite mais do que lembrança, gratidão e última homenagem. Ela é oportunidade de reflexão, uma reflexão sobre o sentido da vida, sobre seus limites e seu alvo”, confirmou o pastor presidente. “Se a nossa esperança em Cristo só vale para esta vida, nós somos as pessoas mais infelizes deste mundo”, ressaltou, citando o apóstolo Paulo na carta aos Coríntios (I Coríntios 15.19). “Há ocasiões em que a dor se associa à indignação, ou mesmo à revolta. É o que testemunhamos nestes dias. O trágico desfecho do vôo 3054 nos faz indagar quanto houve de fatalidade, quanto de falha humana ou equipamentos, quanto de negligência ou irresponsabilidade”, disse Altmann. A apuração dos dados deverá mostrar a verdade. “Esperemos que as investigações sejam conduzidas de forma a realmente identificar as causas da tragédia. É preciso não se precipitar, sobretudo não em juízos, mas já agora o povo brasileiro sofre sob a torturante sensação de que esse acidente não precisaria ter acontecido e, portanto, a Nação não precisaria prantear a perda de tantas vidas preciosas”, refletiu o pastor presidente.Altmann lembrou que, em momentos de sofrimento como este, surgem numerosas e angustiantes perguntas, dúvidas profundas que podem até mesmo abalar a nossa fé. “O princípio do consolo se encontra na percepção de que Deus não proíbe nosso contundente clamor: por quê?, por quê?”, confirmou. “Ao contrário, em sua misericórdia, Deus ouve e acolhe nosso clamor, qual mãe amorosa que conforta e ampara seu filho ou sua filha.” No entanto, Deus também nos convida a refletir sobre esta outra questão que é decisiva: para que vivemos? Para quê? “Deus nos confiou uma bela Natureza, para que dela cuidássemos. Deus nos fez seres que se relacionam uns com os outros, para que vivêssemos em comunidade solidária e fraterna. Deus nos dotou do espírito para que pudéssemos nos comunicar com ele, ouvir sua palavra, levar a ele nossas angústias e louvor, em suma: viver com ele. Assim, Deus nos destinou para a eternidade”, disse Altmann. O apóstolo Paulo tinha essa convicção. Ela estava baseada em Cristo, em sua vida, morte e ressurreição. “Para ele, a ressurreição de Cristo era o penhor de nossa própria ressurreição. A morte não tem a última palavra e, portanto, muito menos têm a última palavra a fatalidade e a negligência, a dor e o sofrimento. Nossa esperança não está limitada a esta vida. Ela aponta para o próprio Deus que ergue quem está desfalecido e restaura nele a vida de quem aqui a perdeu. Em fé e esperança, podemos confiar e anunciar: com Deus viveremos. Nesta convicção reside o consolo mais perfeito. Deixemos, pois, que, passo a passo, esse consolo responda a nossas indagações e inunde nosso coração”, finalizou.fotos: Jefferson Bernardes/Governo do Estado do Rio Grande do Sul